Inutilidade das fechaduras - Nanim Rekacz



Texto en español en Químicamente Impuro: "Inutilidad de las cerraduras"

Traducido al portugués por José Eduardo Lopes




Era um país sem muros nem fossos, com casas sem portas e janelas sem postigos. As pessoas fluíam sem ser-lhes requerida identificação, sem terem de pedir licença, sem tocar campainhas. Se alguém sentia fome e sentia o olor de um guisado, passava e sentava-se a uma mesa, e era bem-vindo. Se se tratasse de outro tipo de apetites da carne, introduzia-se no leito sempre amável de qualquer vizinho ou vizinha. Quem precisasse de satisfazer orgânicas necessidades intestinais, acorria prontamente a uma casa-de-banho que encontrasse ao passar no caminho. Isso não envergonhava ninguém.
Um dia, cruzando esse território, chegou um vendedor de cadeados, aldrabas e chaves.
As pessoas fizeram com esses elementos preciosos adornos como brincos, porta-lâmpadas, e até instrumentos musicais.
Se o vendedor não os tivesse vendido, tampouco teria passado fome.

  Pubicado en Micro-Leituras
Nanim Rekacz

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